quinta-feira, 18 de julho de 2013

Moças ou O que me dizem

Aproveitando, admito que bastante tangencialmente, a oportunidade que me dam as simpáticas palavras da semana passada do tal John Inverdale da BBC (que me parecerom 1 torpeza irrelevante sem maior transcendência até que vim outras e aí já...) sobre a Marion Bartoli, imos, salvando as distâncias, fazer um pouco de teatro.


ACTO I
(Uma sala de aula, 7 pessoas, um matrimónio madurito, três rapazas, um rapaz novinho e uma professora. Mesas colocadas em forma de semicírculo na seguinte ordem: mulher madura, rapaz novo, moça, home maduro, moça guapa e nova, eu. A cena começa no meio da aula).

PROFESSORA: But we know someone who can do that. Mat, you knew how to perform first aid, didn't you?

RAPAZ NOVO: (marcado sotaque francês) Oh, yes, I know. And I know how to make... what do you call it in English? Bouche to bouche...?

PROFESSORA: Resuscitation. Mouth to mouth resuscitation.

RAPAZ NOVO: (emocionado) Oh, yes, yes! ... But... But I only do mouth-to-mouth to beautiful girls!! (ri)

(Barulho geral na clase, risos, protestos e falam à vez)

EU: Oh, that's nice, so the ugly can die already.

MOÇA GUAPA: (mirando para mim, rindo e dirigindo-se a mim directamente) Oh, I am sorry!

ACTO II
(Senhor de 50 anos como mínimo, eu. Mesma sala de aula mas agora vazia, no descanso.)

SENHOR DE IDADE: Well, now that we are alone I would like to tell you something...

EU: (estranhada) Well, ok, what is it?

SENHOR DE IDADE: It is a little picky...  but you are such a nice girl and so smart...

EU: Well, I don't...

SENHOR DE IDADE: (interrompendo) But there is this one thing, it's just that you have so many hairs around your mouth (gesticula ostensivamente) that...

EU: (flipando muitíssimo) ...

SENHOR DE IDADE: ...it's just, you know, some people might not like it...

PROFESSORA: (entra de repente) Hi,  guys!

SENHOR DE IDADE: Well, just think about that. Just think about it.


EU: (risa nervosilha) Well, I am going downstairs, see you!

ACTO III
(Mesma sala de aula, mesmo dia. Copos de café de máquina enriba da mesa. Mesmas pessoas da primeira cena sentadas nos mesmos lugares.)

PROFESSORA: Well, guys, now we are going to talk about taboos, embarrasing and ackward situations. Do you know what a social taboo is?
EU: (Aparte) ...Lalalalala...


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Aiiiiii, tantas cousas que comentar que nom sei por onde começar... A ver, ninguém tem a obriga social ou moral de velar pola sensibilidade estética dos outros, por exemplo? Nem o valor das pessoas se mede pela guapura ou adequaçom ao ideal de atractivo vigente em cada momento. E que "some people might not like it"? Que foi daquela cousa de que a beleza está no interior, além de no olho de quem mira? Consolo dos feios?

Pero estas cousas já as sabemos todos. Ou nom?

À parte do apropriado ou nom dos comentários, como detalhe contextual interessante pode-se mencionar que era a terceira vez que ia às aulas. Portanto, o número de palavras intercambiadas co senhor, por exemplo, até esse momento fora mínimo (coa rapariga já algo mais ao estarmos sentadas ao lado).

Também nom me entendam mal, ainda que longe de ser uma "dândi", tento nom parecer um espantalho e saír da casa como mínimo limpa e medianamente presentável. Aqui entre nós, som presumida como el que más. Gosto de "componher-me" um mínimo (ou um máximo, dependendo da ocasiom) para estar relativamente apresentável e parece-me perfeitamente adequado fazê-lo, ainda que polo que parece melhor me seria dirigir-me ao circo mais próximo ou ao Museu dos Horrores directamente para que me metam em formol antes de que seja demasiado tarde, nom vaia ser que me mandem a um reality desses de Extreme makeover e tenha que renunciar a umha prometedora carreira como fenómeno natural.

Enfim, que me lio: como estava a dizer, que aqui entre nós também me gosta mirar, remirar e, sobretudo, admirar as moças cachondas como a la que más, PERO QUE CARALHO!? Que classe de esquemas mentais tem a gente na cabeça?

Nom sei quem está mais commocionada, se a frívola vaidosa e superficial que hai em mim ou a feminazi* raída wannabe que vive no armário.

Em qualquer caso depois do choque inicial, believe it or not, nom lhes gardo rancor. Criaturinhas, nom sabem mais.

Dá-me ganas é de educá-los.

Em Sibéria, em concreto.


Hairy Women - Adam Green

*Falando a sério considero-o um termo desprezível por tudo o que implica e polo tipo de gente que o usa, pero valham-me as licenças criativas.

domingo, 7 de julho de 2013

Reader

Agora que o Reader do Google por fim morreu, depois de meses de agonia em forma de mensagens de advertência sobre a defunção programada, aproveitei a mudança a um novo sistema para ordenar e classificar os meus bem-queridos feeds.

Passou que ao actualizar a primeira vez depois de importar, nom só aparecerom logicamente os feeds dos coleantes blogues que ainda resistem, senom que me vim, como quem nom quer a cousa, rodeada das pantasmas em forma de últimas 10 entradas, como quase agônicas bafaradas de peixe fora da auga, de outros tantos que murcharom tempos atrás —os quais durante a reorganizaçom acabaram numha carpeta de "Belos dormentes" de eloqüente nome. E de estar tranquilamente no sofá, co computador no colo, nos primeiros dias de Julho, foi-se-me de repente a cabeça, e o que nom é cabeça, a meses e meses e anos e anos passados.

Que nostalgia. Que pena (penita, pena). Que virtual e, contudo, que real.


The Garden Court da série  "The Legend of Briar Rose" de Edward Burne-Jones. / / Obra em domínio público.


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E entretanto eu aqui, atascada neste quiero-y-no-puedo.


[Ah, e a quem goste recomendo ver também o resto das pinturas da série, que som fantásticasThe Rose Bower, por exemplo.]