quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Cadé você

Ai, as ausências...
A minha, desta volta (como diz uma amiga minha), nom se deve a simples desleixo. Ando a fazer horas e horas e horas e jornadas inteiras e daquela pouco mais fago além de nom viver mais que por meio de ecrãs quadradinhos, de maior ou menor tamanho e menor ou maior colorido o dia todo. E quando chega a noite, porque agora já estám aí os dias em que sais de noite da casa e voltas de noite também (ainda agüenta um algo o lusco-fusco, mas por tão-pouco!), entom chego e como qualquer cousa e ponho música e abro mais uma janela quadradinha e o reader e miro se hai alguma postagem que valha a pena ir cheirar e deixo as outras acumularem-se indolentemente e depois pouco e pouco vao-se-me fechando os olhos...



Esquadros - Adriana Calcanhotto

domingo, 21 de setembro de 2008

Actas, notas y diligencias

1. Pois é. O bloguear meu anda em horas baixas. E descuidando toda irresponsável sabe deus se a criatividade ou os queridos contactos destes lugares (ou nom é "ou" que é "e").
2. Eu nom quero voltar, mas nom é só polo hipoteticamente possível síndrome pós-férias, é outra cousa, eu quero ir, minha gente, eu não sou daqui.
3. Para donde, non o sei.
4. Em realidade, si que o sei, ainda que realmente é-me bastante igual um sítio que outro.
5. Mudanças de humor, insónias, ansiedade, (...) nervosismo, cansaço, irritabilidade, tensão muscular... os sintomas coincidem em parte mas eu tenho umha certeza visceral de que nom é do síndrome aquele, que, além do mais, o trabalho dignifica e tal.
6. De volta ao mundo real outra vez em pouco tempo. Nom pode ser bom tropeçar com o mundo assim nestas frequências...
7. Tenho que dormir. E relaxar-me. E madrugar, ai!



[Imagem]

terça-feira, 16 de setembro de 2008

It was the lark, bichito, no nightingale

No es fácil injertarse en ti, ísima mía.
Me doy cuenta de que fue risa y no tos
lo que te dije, y debo despensar las cosas
que puse en tu silencio, y salir de tus bocas de
y dejarte, mitad sola, gastada por mis vellos.
Es el día consuetudinario, conozco su censura.
Se diría que el agua usada del llanto desbordara
de anteojos, baúles, bodegas, por mi culpa,
que todas las guerras que pacen amarradas
se fueran galopando a comer, solo porque
me olvidé de sufrir anoche, y fuera el centinela,
o me hubiera ido a volver, descuidando la tierra.

No es fácil ser feliz: primero, no nos dejan
y, quién sabe, será también la falta de costumbre
o tal vez haya que aprender, pero cómo, desterrado.

Metí amor en esa habitación de cejijunto,
en esta sólida soledad que debo hacer a un lado
pues no cabemos ya los dos al mismo tiempo,
mas parece que hubiera que aguantar toda la vida,
hacer cola en el mundo, esperar que los demás
pasen primero a casarse o comer o a sus negocios,
para empezar a vivir sin sentirse culpable,
conmutándome a tu lado la pena de durar.

De Jorge Enrique Adoum, "Yo me fui con tu nombre por la tierra", 1964


Pequeña serenata diurna - Silvio Rodríguez


Cousas que um descobre por casualidades da vida, que guarda e que um dia redescobre vindo terrivelmente ao caso. Conhecim este poeta no homework de uma das minhas companheiras de pisos e achei maravilha. Depois investiguei e continuei achando. E por isso partilho. Para que nos passe a falta de costume da felicidade, entre estas e mais cousas (esses três versos do meio som sublimes).

sexta-feira, 12 de setembro de 2008






De volta à realidade.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008


Matando umas saudades e nao dizendo que nao ao desconhecido. Ate a volta.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Monólogo do benefício da dúvida

Entre, entre, não faça cerimónia. Uma pedra, quer? Tem umha mortalha? Sabe enrolar? Olhe, eu já me esqueci. Não, não é para mim. Deixei de fumar quando... espere... quando você começou. Sabe, guarda-se a atitude, filtra-se a experiência e deita-se fora a matéria para não dar cabo da saúde. O quê, não fuma? Óptimo, sendo assim... Whisky? Pepsi? Águas? Não bebe? Ficam-lhe muito bem esses prudentes sentimentos. Pois então paciência, vai a seco e tudo. Quantos anos tem, 20? Oh, se eu lá pudesse ir dar uma voltinha outra vez, meu amigo! Mas diga lá, o que o traz tão novinho ao psiquiatra? Os seus pais estão ao corrente? Ah, é independente!? E trabalha em? Estudante... mesada... Claro, os tempos mudaram, isto está bom é para a juventude. Ora, dispa-se, descontraia os preconceitos, feche os olhos e estenda aí na marquesa. Não se preocupe, isto é gente séria. Mas diga-me lá a sério o que o preocupa. Conflito de gerações? Dos seus pais aos nosos dias? Bem vê. Os cinquentões foram à guerra ao som do Elvis e vieram de lá com a Marcha Fúnebre do Chopin. Os quarentões queriam mudar o mundo com flores na boca e acabaram a ver passar os trintões a enterrar-se em overdoses. Como vê, o caso não era para menos, havia que pôr um freio à galopada, porque senão aonde é que íamos todos parar? Além disso vocês agora não se podem queixar. Não vão à guerra, ouvem Elvis, deixam-vos ter a ilusão de que mudam o mundo com ou sem flor na boca por computador e enterram-se à mesma em overdoses. Convenhamos que é um naipe muito mais alargado e versátil de opções. Como? Gostaria de ter uma vida própria? De ter uma personalidade? Aí é que eu já não o posso ajudar. Quê? Os seus amigos chamam-lhe maricas porque você lê e não vê TV? Ouça, não é preciso ficar paranóico. Que tal procurar os seus verdadeiros amigos? Não há? Há, há. Não pense que é um protótipo no meio dos rebanhos. Como se diz em ficção científica, we are not alone. Tem namorada? Namorado? Nada? Porquê? Ninguém o ama por causa do seu estilo fechado? Sim, diga, vá, pois. Diga lá isso outra vez, é muito interessante. "Os adultos cansam-se das cores e pintam por cima tudo a preto ou tudo a branco. As crianças vêem os adultos a preto e branco para os poderem colorir." Engraçado, se calhar é essa a diferença entre a vida e a arte. Mas deixe lá que eu também tenho um grave problema. Odeio o Inverno, sou alérgico à Primavera, sofro de claustrofóbia no Verão e morro de tédio no Outono... Mas mudando de assunto, o que o meu amigo precisa é de viajar muito. Pegue nas mesadas e mexa-se, na sua idade ainda lhe dão boleia, aprenda outras coisas e outras gentes. Vá, levante-se, leve lá os seus preconceitos para recordação e abra os olhos, vista-se e desapareça que é sempre bem vindo. Faça-se à estrada e nunca diga que não ao desconhecido. Rasgue-me essa cabeça e abuse desse corpo. Sozinho, devagar, sozinho. Quando voltar vá só pela sua vontade e pelo seu caminho. Como diria o John Lennon, life is very short, there is no time. Quanto é? O prazer foi todo meu, para si é de borla. Eu depois mando a conta aos seus pais, deixe isso comigo.

Joaquim Castro Caldas (2002) Convém avisar os ingleses. Vila Nova de Famalicão: Quasi edições.


----------
Lá vamos. O autor morreu hai pouco, é a vida, nom é?, mas eu já vinha pensando em postar este anaco desde antes de saber disso, é curioso...
Por umha frivolidade, porque som horas de ir embora, mesmo que sejam umhas feriazinhas, e não ter receio do desconhecido, como sempre.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Minete

Pois hai umhas semanas aconteceu-me algo estranho que me fixo aprender de primeira mao umha expressom fantástica.

Saturday night
, isto e aquilo. Estavamos numha terraza na vila, os colegas já pediram todos ali sentadinhos e eu tuvem que ir pedir à barra.
Atendeu-me umha camarera rúbia que andava por ali, pedim e dixem-lhe que estava "naquela mesa", e sinalei. Pero puxo-me umha cara estranha, como de despiste ou de "uf, que lio agora", entom eu dixem-lhe que se lhe era mais fácil que pagava naquele momento. Assi nom tinha ela que andar a pensar que mesa e essas cousas. E nada, fum colher a carteira, volvim, paguei, pilhei a copa e todos contentes. Nada de especial. Até aqui tudo normal.
Mais tarde na noite, tavamos já dentro que fora tava fresco, todos dançantes e bebentes, fum pedir umha estrella e casualmente atendeu-me a mesma tipa. Entom, nada, deu-me a birra, perguntei-lhe que quanto era e nisto que fixo um gesto com as maos sacudindo-as cara afora, como botando-me ou dizendo-me que me fora tranquilamente. Eu quedei-me assi, meio desconcertada ou desubicada, e o primeiro que pensei foi que se cadra dixera algo pero eu com o barulho nom ouvira e volvim perguntar: "quanto é?". Entom ,mentres se afastava pareceu-me que dizia "nada, nada". E largou-se para a outro lado da barra.
E eu, com umha cara de parva, com a carteira na mao, a birra diante dos focinhos e flipando, porque nom estava segura de se acabava de passar o que me parecera que acabava de passar, ainda esperei um chisco por se a ghicha voltava. Pero nom.
Entom suuuper estranhada colhim a birra e fum-me para onde os colegas e contei-lhes o conto: "buah, eu nom estou segura, pero parece-me que a camarera me acaba de invitar", "e eu ouviria bem? porque nom tem sentido nengum....", "pois seica si que te invitou". É que aquilo nom tinha razom de ser. Que eu só lhe pedira duas vezes, nom lhe estivem a fazer gasto porque a ela pessoalmente nom lhe pedim mais que 1 copa e 1 birra, nem lhe dei léria nem nada! Se nem eramos habituais do sítio, por nom ser, sequera eramos dali, que iamos à festa...

E assi, hihi, haha dos colegas:
—Ai, ai, pois já sabes o que che toca... quereria-che algo ;)
—Hoje parece-me a mim que vás ter que fazer umha baixadinha ao pilom, hahahaha.




[Menos mal que algo se aprende, e inda vai ser verdade que as rúbias metem medo...]