domingo, 12 de março de 2006

Sabedes quando nom sabes o que che passa mas sabes o que nom che passa (quando sabes onde nom estás mas nom sabes onde estás), los suspiros se escapan de su boca de fresa. Que vaiam tomar polo cu todos, desesperar nom merece a pena, eu fum a primeira em falar (melhor é nom falar, melhor deixá-lo passar) de cortar pola raighanha e isto já fede. Esperar tampouco a merece (quem tem pena é galinha), as expectativas corrompem como o poder. Claro que de ficar corrompidos, mto melhor o poder, home nom!
E odeio este tom lamuriento que se me pom. Que nojo. Apesar deste domingão de sol. E odeio esta maldita pressão antissocial. Grrr. Haverá que se acordar de colher os bálsamos e as drogas.
E ainda por cima reacciono mal quando me dim algo amável. Nem agradeço nem nada. Enfim, vou emigrar definitivamente para um búzio, sucedáneo de mar. A vida de ermitão, que bonita é...
Supostamente a vida nom era isto. Mas tb já estou farta de reclamar-me a mim mesma e por muitos inspectores e sanções q me mande... melhor fechar o chiringuito.
E inda por riba só escrevo trapalhada. Prometo que tentarei que nom se repita. Saibam-me desculpar, mas tinha que desabafar...
Nom estou contenta.

2 comentários:

Anónimo disse...

Escoita ó maestro :

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

«Constituição íntima das cousas»...
«Sentido íntimo do Universo»...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.

Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

Alberto Caeiro (maestro de Fernando Pessoa)

La queue bleue disse...

:)
Sempre Pessoa...
Sabes que precisamente tivem q ilustrar um fragmento desse poema para um exercício de aulas? Escolhera um quadro de Maside, creio... n lembro bem o pintor. O quadro era-che bem bonito. Luminoso, alegre. Como o tempo que está a fazer estes dias.
Pessoa é outra bíblia. Gosto mto dele.
["o poeta é um fingidor
finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente"]

E gosto tanto de tantas cousas!

Gracinhas por mo fazeres lembrar.